quarta-feira, março 14

No Restaurante

Estou almoçando com uma amiga num restaurante aqui perto, e a uns dez metros vejo colegas de trabalho em outra mesa. Dou tchauzinho, eles sorriem.


Um deles é uma pessoa que sempre achei fofa. Um doce. Falei bem dessa pessoa essa semana almoçando com um superior.


Lá pelas tantas, a pessoa, três mesas pra lá, estica o pescoço e olha meu prato, a saber: de sobremesa, com uma colherada de mousse de chocolate e outra de doce de abóbora.


Então vem a observaçao, em tom sério, a três mesas de onde eu estava, num volume suficiente para que eu pudesse ouvir: VOCÊ EXAGEROU HEIN?
Devo ter exagerado, honey. Mas exagero mesmo, lá em casa, é olhar o prato de uma pessoa com quem você não tem nenhuma intimidade e ainda achar que pode fazer esse comentário. Pronto, falei.

sábado, março 10

O Nome das Coisas




Estou no hall do edifício onde trabalho, esperando o elevador, quando o amigo que ia descendo comigo pra almoçar pede um minuto: Vou molhar as plantas, anuncia.


Fico lá sentada esperando que ele "molhe as plantas", e saem mais dois pela porta. Um deles desvia rumo ao banheiro: "vou passar um fax".


É assim que nascem os posts! Esse já veio pronto. Um foi molhar as plantas, outro foi passar um fax, e eu fico me perguntando por que é que as pessoas arrumam essas figuras de liguagem tão criativas para descrever hábitos tão simples do ser humano. Um foi fazer xixi, outro foi fazer cocô.


Hoje em dia ninguém mais faz xixi e cocô. Mijar e cagar então, nem pensar!!!! Eu mesma, para escrever essas duas palavras aqui, fiquei me perguntando se não seria grosseiro. As pessoas passam fax, molham as plantas, pintam porcelana, botam as crianças pra nadar, soltam um barco ou um barro... Mas cocô, que é bom, ninguém faz.


Fazer xixi ainda não saiu de moda completamente. É um ato bem popular, especialmente entre as mulheres. Aliás, tenho um amigo que diz que não entende porque as mulheres não conseguem fazer xixi sem soltar um press release sobre: VOU FAZER XIXI. Ok. Nós fazemos mesmo isso.


Já fazer cocô é um ato reservado às crianças ou aos cachorros. Depois que crescemos, não pega bem. Como se a gente bebesse lavanda e tudo fosse perfumado ou etéreo, inexistente. Passar fax é uma atividade da era digital, e na era digital não há espaço para nada orgânico. Somos imaculadamente limpos, desinfetados e esterilizados. Praticamente umas mamadeiras.


E somos também, vamos combinar, criativos pacas. Botar as crianças pra nadar???