Pais e Filhos
Domingo, estou num restaurante com a família, na mesa de trás uma outra família. Dois garotos, que pela aparência e quantidade de espinhas calculo que tivessem 15, 16 anos, uma menina e os pais dos garotos. Imagino que a menina fosse namorada de um dos garotos.
Enquanto esperávamos a minha como sempre atrasada irmã, não pude evitar de ouvir a conversa.
Falavam de sexo. Mas não o tipo de conversa sobre sexo que se espera ouvir entre pais, meninos adolescentes e namorada adolescente de um dos meninos num restaurante, domingo na hora do almoço.
Compartilhavam impressões sobre bonecas infláveis. Sim, amigos da Rede Globo. O pai e os meninos entabulavam um diálogo animadíssimo sobre a oferta de bonecas infláveis no mercado.
O pai contou que antigamente eram todas de plástico, "como aquela bóia de cavalinho que vocês tinham, lembra?". Mas agora não... agora a textura é quase como a pele humana, elas têm pelo e cabelo, são super reais. Um dos meninos acrescentou que junto com as bonecas, agora vendem uma solução para limpeza, "pra você lavar depois que acabar se usar, senão fica toda grudenta".
Estavam se divertindo muito com o papo. Entre uma descrição e outra, os meninos emitiam opiniões, cheios de adjetivos completamente escatológicos e o pai rindo pacas. Como se fossem três machos amigos coçando o saco no snooker bar.
Fico imaginando que acho legal os pais serem amigos dos filhos. Mas acho que há um limite que às vezes se perde, e a referência dos filhos vai pro saco. Também fico imaginando o que a mãe da menina acharia daquela conversa.
Acho que estou velha. Pode ser que seja até careta.
Mas pais são pais, e não amiguinhos do colégio. Pode ser que eu me engane, mas um filho que vê num pai um amiguinho do colégio não vê nele um pai.
E todos sabemos o que acontece quando um filho não tem pai, no sentido mais abstrato da palvra. Em suma, a referência à bóia de cavalinho está perfeita. A diversão escatológica sobre bonecas infláveis é que me pareceu um pouco fora de contexto.
E você, o que acha?
5 comentários:
Oi Lala - há tempos eu não passava por aqui ler seus excelentes textos.
Concordo com você, integralmente. Pais são Pais e não amiguinhos. Companheiros sim, participando de tudo, em qualquer tempo ou idade. Mas se viram amigos, essa relação toma o lugar do respeito bilateral, fundamental.
Luiz
O que eu acho???Um absurdo!!!
Tenho, quase, 22 anos e o respeito lá em casa continua como se fosse "antigamente"...
Minha mãe super nova, descolada (tem até orkut), professora, mãe de três adolescentes e o papo é super cabeça e ainda, ela exige todos os padrões!!!!Nada de muita intimidade...
Claro, tirando a Marystela que sempre foi muito pra frente, os outros são tranquilos...rs
Meu irmão por exemplo...além de ser macho (claro), 19 anos e quaseeeeeee responsável, teve que passar por toda aquela etiqueta esses dias...rs. Levou a namorada para mamãe conhecer!!!rs
Mas Lala, não entendo isso como careta, sabe?Vc está certa de ficar "boba" com um papo desse...Hj tá demaissssssssssss...Deus que me livre!!!
beijos
Maryana (irmã da Marys e Prima da Cláudia)
Ei, minha gente, isso não é assunto para conversar em um restaurante, seja entre quem for, ainda mais em tom audível para quem está na mesa do lado!
E quanto ao relacionamento, parece que vão achar normalíssimo se um dia o pai roubar a namorada do flho, ou vice-versa. Palavras o velho deitado: "muita esperteza come o dono".
Bjs. Rosana.
Na minha opinião só tem uma definição pra este tipo de situação: "estamos vivendo a era da INVERSÃO DE VALORES".
Ainda sou do tempo em que "ser honesto" , e "respeitar os pais "(entres outras coisas) era uma obrigação e não uma vantagem...
Só Deus pra ter misericordia de nós, os chamados caretas !!!
Bj
Fá
Eu, no banheiro do restaurante, ouvi uma avó dizer à neta de 5 anos: "Aquela loirinha é a amiga mais NOJEEEEENTA que você tem."
Achei péssimo. Fui meter o bedelho.
Já não se fazem mais nem avós como antigamente...
Beijos com saudades.
reox
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