As curvas e o Porsche

E então seu amigo querido te convida para o PORSCHE DAY. Um dia inteirinho em Interlagos, cheio de badalações e outras coisas bacanas devidamente sonorizadas pelo ronco dos motores. Haverá provas de velocidade, carangos e motocas aos borbotões, comilanças e bebelanças, um monte de gente legal.

Parece que vai ser legal mesmo, você pensa, ao mesmo tempo em que ouve seu amigo proferir a frase "só tenho um convite...".

E então você fica pensando que seu namorado adoraria o Porsche Day. Que é possível que ele curtisse isso muito mais que você inclusive, mas o convite era pra você e não pra ele.

Por um momento, te dá pena de ir sem ele num lugar onde ele gostaria de ir. E porque você é uma mulher sensível e que se coloca no lugar dos outros, tenta imaginar qual seria o correspondente masculino para você ter um amigo que tem um Porsche e te convida pra um sábado todinho em Interlagos.

Não demora muito para você descobrir que esse correspondente seria a Fashion Week. Você ir ao Porsche Day com seu amigo e sem ele seria o equivalente a ele ter uma amiga modelo e ir com ela para a Fashion Week sem você, e ficar um dia todinho lá.

Creindeuspai, nada de Fashion Week, seja na Bienal ou em Interlagos.

Mas aí seu amigo, que é mesmo querido, disse que conseguiu mais um convite.

OBA!!! Vamos todos pra Interlagos!

(mas a Fashion Week ainda não)

Tight the Nuts!!!

Cenário:

Um jantar badalado, multicultural, com pessoas de várias nacionalidades.

Personagem 1:

Senhor Argentino de certa idade e alta dosagem alcoólica

Amigo:

Seu amigo que fala inglês e viaja até em português

Namorado:

Seu namorado, lindo de morrer como sempre, e com aquele sorriso de enlouquecer

Figurante:

Você, enrolando a mechinha no pescoço e fazendo de conta que nem entendeu nada

Cena única

Personagem 1, mandando ver no espanglês:

- Ask your boyfriend when he's going to "prupouuse".

- I'm not gonna ask him that.

Sem desistir, Personagem 1 se vira para o Amigo:

- Translate to him.

- Translate what?

- Ask him when is he gonna tie the knot (amarrar o laço).

Amigo, traduzindo na melhor interpretação de que foi capaz:

- Ele tá perguntando quando é que você vai TIGHT THE NUTS (espremer os bagos).

Namorado sorri, moço elegante. Mas a idéia, posta assim, deve ter soado doloriiida...

Um post muito pequeno de um amor muito grande

Ao fim de cada viagem, eu tenho mais certeza.

Pelo Telefone

- Oi, vó!

- Bom diiiaa!

- Tá tudo bem?

- Tá!

- Você já tomou café?

- É...

- Tava bom?

- Bom!

- À noite eu passo aí pra te dar um beijo tá?

- (smack)

Sabe o que é o melhor? Isso REALMENTE aconteceu hoje de manhã.

Senhor Prefeito

Estou escrevendo para agradecer. Finalmente temos lucidez no comando dessa cidade!! São Paulo há tempos precisava de um pulso firme, determinado e eficaz! Nossas preces foram atendidas!

Faço referência especificamente à chamada (e controversa) Lei Kassab, que em breve vai nos libertar dos horrores da poluição visual causada por outdoors e afins. Não mais teremos que suportar a violência estétiva de placas, cartazes, faixas - todas aquelas coisas que fazem nossa vida muito pior. Aqui mesmo no topo do edifício onde trabalho, havia um horrendo luminoso com o nome da empresa que ocupa boa parte de seus andares, e que muita gente - veja que absurdo!- usava como referência: "fica ali atrás do prédio da Microsoft".

Graças ao Senhor não seremos mais obrigados a tolerar esse tipo de abuso. Agora as pessoas poderão dizer livremente que o endereço tal "fica ali atrás da favela no encontro da Berrini com a Avenida Roberto Marinho". Problema resolvido.

Essa Lei com certeza vai melhorar muito a qualidade de vida dos paulistanos. Todos sabemos afinal que a grande fonte de estresse da cidade não são as enchentes, nem os assaltantes que nos apontam armas em semáforos, nem o trânsito inviável. São os outdoors. Nenhum cidadão pode viver feliz ante a ameaça constante de ser impacto por uma peça publicitária de mau gosto. Podemos perfeitamente conviver com a violência, o trânsito e as enchentes. Com a poluição de fato sim, com a visual não.

Por isso, só me resta agradecer. Minha vida vai melhorar muito com isso.

Obrigada Senhor Prefeito. O Senhor é gente.

A Torta

Entre inúmeras colaborações de amigas de coração disponível, veio a receita de torta de frutas da Dri, que já vem com o aval prévio por ter sido devorada com gosto pelo namorado em outra ocasião.

Lá vamos nós.

Era uma receita simples. Na massa, farinha, açúcar, manteiga e duas gemas. Note bem, duas gemas, não dois ovos inteiros. Separei as gemas com o maior cuidado do mundo, balançando-as de uma metade da casca para a outra, com toda a delicadeza que me foi possível. Deu certo, elas não se romperam. Fiquei me sentindo uma chef em formação, e cheguei a acreditar mesmo que cozinhar é uma possibilidade.

Amassei os ingredientes, deixei a massa bem lisa e maleável, forrei a forma, estiquei bem, fiz furinhos com um garfo como tinha visto minha mãe fazer em massa de tortas.

O forno já estava pré aquecido, coloque a forma com cuidado e deixei a lâmpada acesa, pra poder vigiar.

Voltei à pia, lavei os utensílios que detesto ozinha lotada e quando olho quem está lá, em cima da pia, me olhando? ELAS, AS DUAS GEMAS!!!

Eu não botei as gemas na massa!!! Foi só manteiga, farinha e açúcar. Separei as gemas com tanto carinho e elas ficaram lá.

Well, devo dizer que ninguém sentiu falta delas. A torta fez sucesso e eu fiquei feliz. A Massa parecendo de biscoito. E com muito menos colesterol do que a receita original, diga-se de passagem.

Agora que me animei, vou fazer o Pavê da Ana Téjo, que não fiz mas fiquei com vontade... E depois, tomada pela autoconfiança e todas as distorçoes do mundo, vou me achar a própria Cinara e fazer os Muffins de Nutella cuja receita está no Cinara's Place.

Esse homem que me aguarde.

(foto tirada do celular, há que se perdoar tudo)

A Sobremesa

Vai ser um almoço importante. É um dia importante, com uma família importante pra mim. Sou convidada, e já me avisam que não é pra levar nada. Nada, no meu glossário de moça educada e afetuosa, significa ao menos uma sobremesa. E flores, para a dona da casa.

Bem, flores para o dono da casa não é bem o caso, mas a sobremesa não vai me escapar. Posso passar na Ofner e comprar uma pronta, mas no meu coração fico querendo fazer com minhas próprias mãos, desastradas na cozinha.

Peço ajuda a uma amiga, que é a campeã nos pratos de "providência simples e grande efeito moral". Ela é uma chef, eu sou canhota das duas mãos quando o assunto é cozinha.

- Amiga preciso de ajuda.

- Diga querida.

- Tenho um almoço assim, assado, quero levar uma sobremesa.

- Que sobremesa?

- não sei, uma gostosa que fique bonita e que eu consiga fazer.

- Sim, mas que tipo?

- Sobremesa, Ana.

- Sobremesa animal, vegetal ou mineral?

- Hein??

- É! Torta, mousse ou pavê??

- ANA. HELLO. Sou eu, Lala. Sobremesa. Doce.

- Sim, mas o que você tem em mente? Alguma coisa rala, consistente, pastosa, crocante...

Sou obrigada a rir. Nesse momento me sinto como o cara que não aprendeu inglês direito e foi pros Estados Unidos pedir um hamburguer, achando que tava resolvida a parada. Aí vem o garçom e começa com: well done, medium rare, onions, dressing, salad, cheese (swiss or cheddar)? Tento ser mais específica:

- Olha, vamos setar as expectativas. Há alguns anos, eu resolvi fazer um bolo de morangos pra impressionar um ex namorado. Caprichei, mas o diabo do pão de ló deu uma sapecada no forno e queimou um pouquinho no fundo. Montei o bolo, cheio de creme e chantilly, em camadas, lindo. Quando cortei o bolo, o namorado quis dar a maior força : "Hummm, bolo de chocolate com morango, que gostoso!"

- Hmmm, gostoso mesmo!!

- ANA O BOLO NÃO ERA DE CHOCOLATE!!!! ERA UM BOLO BRANCO QUE QUEIMOU SÓ UM POUQUINHO NO FORNO!!!!

(pausa para a amiga rir)

- Ok, vamos pensar em alguma coisa que não vá ao forno então. Conheço um pavê bêbado com morangos que é imbatível! Anota aí.

Ufa. A Amiga foi bacana. Depois de tudo, podia ter me mandado levar uma gelatina!